Adunesp subscreve manifesto em apoio à trabalhadora da USP. Documento traz 866 assinaturas de entidades, parlamentares, juristas, pesquisadores e outros

Adunesp subscreve manifesto em apoio à trabalhadora da USP. Documento traz 866 assinaturas de entidades, parlamentares, juristas, pesquisadores e outros

A USP está perseguindo Bárbara Della Torre, trabalhadora do Hospital Universitário (HU) e diretora de base do Sintusp. Ela está sendo "acusada" de participar de manifestações organizadas pelo Sintusp e outras entidades sociais em defesa dos trabalhadores do HU, por EPIs adequados, contratações etc.

A direção do HU e a reitoria da USP montaram uma sindicância com o claro objetivo de demiti-la.

Diante disso, o Fórum das Seis (do qual faz parte a Adunesp) está lançando um manifesto em defesa da trabalhadora, assinado inicialmente por 866 entidades, cientistas, docentes, juristas, jornalistas, servidores, artistas e outros, do Brasil e de vários países. O documento pede que a reitoria da USP e a superintendência do HU anulem o processo contra Bárbara.

A seguir, confira o texto do documento, que situa a perseguição sofrida pela trabalhadora.

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Repudiamos a ameaça de demissão de trabalhadora da saúde por lutar por condições seguras para atender a população na pandemia 

A USP, pela via do Superintendente do Hospital Universitário (HU), Prof. Paulo Francisco Ramos Margarido, abriu processo administrativo disciplinar contra Bárbara Della Torre, trabalhadora do Hospital Universitário e representante dos funcionários no Conselho Universitário da USP. Bárbara, assim como milhares de mulheres trabalhadoras da saúde, esteve na linha de frente durante toda a pandemia para atender à população, que sofre com mais de 575 mil mortes em nosso país. A USP a ameaça de demissão por ter sido parte de uma ampla campanha, levada adiante por dezenas de entidades como o SINTUSP, a ADUSP, o SIMESP, o Coletivo Butantã na Luta de moradores da região, e entidades estudantis, em defesa de condições seguras de trabalho para todas as trabalhadoras e trabalhadores do hospital, para que pudessem, nas condições adversas da pandemia, atender à população e defender a vida.

Vendo colegas adoecerem e morrerem de Covid-19, uma campanha pela saúde dos servidores do HU  tomou caráter de urgência e envolveu vários setores do HU e da comunidade, incluindo a Bárbara. Supostas “provas” levantadas contra ela são declarações em defesa da garantia de EPIs para os trabalhadores do hospital - como as máscaras, que não eram fornecidas para todos durante os primeiros meses da pandemia -, pela liberação dos trabalhadores pertencentes a grupos de risco, como mulheres grávidas, e sua reposição com a contratação emergencial de mais trabalhadores, para permitir a volta do pleno funcionamento do HU e garantir o atendimento da população.

Com isso, é acusada  de ter incorrido em falta grave e foi abertamente ameaçada de demissão por justa causa. Trata-se de um processo de clara perseguição política, com atitudes antissindicais, uma vez que Bárbara, além de representante dos funcionários no CO, é diretora de base do Sintusp, com claro propósito de intimidação e censura.

Essas demandas foram levantadas também por dezenas de parlamentares, intelectuais, por congregações de unidades da USP, e reconhecidas pelo próprio Ministério Público do Trabalho. Portanto, esse ataque a uma trabalhadora da saúde, militante de base do Sindicato de Trabalhadores da USP,  atinge todas e todos que apoiam não somente a defesa de condições seguras para trabalhar e para oferecer atendimento de saúde a toda a população, mas também a defesa da liberdade de expressão, pensamento e organização.

Assim, nós, abaixo-assinados, repudiamos veementemente esse processo, a tentativa de qualquer punição, e nos manifestamos para que a reitoria da USP e o superintendente do HU-USP providenciem sua imediata anulação.