A diretoria da Associação dos Docentes da Unesp – Adunesp S. Sindical apoia a campanha pela cassação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). No dia 9/7/2023, ele proferiu discurso de ódio, incitação à violência e de profundo desrespeito aos professores e professoras do país. Durante ato realizado pelo grupo “Pró-Armas”, que defende a flexibilização do porte e da posse de armas para cidadãos comuns, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, ele comparou educadores a traficantes.
“Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas que tenta sequestrar e levar nossos filhos para o mundo do crime. Talvez até o professor doutrinador seja ainda pior, porque ele vai causar discórdia dentro da sua casa, enxergando opressão em todo tipo de relação. Ele vai falar que o pai oprime a mãe, a mãe oprime o filho e que a instituição chamada família tem que ser destruída”, declarou.
Além de insultar uma categoria de milhões trabalhadores em todo o país, responsável pela educação de dezenas de milhões de crianças e jovens, Eduardo Bolsonaro e seu discurso de ódio contribuem para alimentar a violência presenciada nos últimos meses, com ataques contra escolas, mortos e feridos. Com isso, ele tenta manter acesa a política fascista que devastou o país por quatro anos, renegando a ciência e a educação, confiscando direitos, estimulando preconceitos e discriminações, ao mesmo tempo em que se apoiava e se apoia em grupos milicianos.
Nota do Andes-SN
O Andes-Sindicato Nacional, o qual a Adunesp integra como seção sindical, divulgou nota de repúdio às declarações do deputado.
“Não se trata aqui de endossar discursos proibicionistas ou condescendentes com a lógica de criminalização e demonização daqueles que são massacrados pelo Estado genocida brasileiro, os ‘traficantes de drogas’, uma massa de jovens negros diuturnamente assassinados e encarcerados em nosso país. Mas, sim, de nos posicionarmos contra essa disputa de sentidos que intenta criminalizar professores e professoras que, críticos à destruição da vida proporcionada pelo capitalismo, são taxados como "doutrinadores", pontua o texto.
Ao exigir a imediata responsabilização do deputado e sua cassação, a nota do Andes-SN justifica: “Não bastasse o já escandaloso evento pró-armamentismo, é da lógica negacionista e fascista atacar a Educação Pública crítica e autônoma, como deve ser. Nesse sentido, vincula-se mais esse ataque que, entre outras coisas, revela ódio, machismo, racismo, sexismo e transfobia. É grave! Uma apologia ao uso de armas é, no mínimo, uma ameaça à categoria docente!”
Petição online pede cassação
As reações ao discurso virulento do parlamentar espalharam-se por todo o país, com notas e abaixo-assinados de entidades sindicais e populares, queixas-crime de deputados e deputadas junto ao STF.
Você também pode manifestar seu repúdio assinando a petição organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que defende a imediata abertura de processo disciplinar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por quebra de decoro e com consequente cassação do mandato parlamentar.