Fórum das Seis divulga posição sobre crise sanitária e social, hospitais universitários, continuidade do semestre e data-base

Fórum das Seis divulga posição sobre crise sanitária e social, hospitais universitários, continuidade do semestre e data-base

Reunidas em 3/4/2020, as entidades do Fórum das Seis avaliaram a crise sanitária e social que ocorre com a pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2) e assim se posicionaram: 

1 - Manifesto em defesa da vida e dos direitos da classe trabalhadora

Em meio à maior crise sanitária e social da história recente, que expõe as consequências de uma sociedade estruturada na exploração da maioria pela minoria, é urgente reconhecer que o fortalecimento dos serviços públicos e a ampliação do atendimento universal e gratuito são medidas determinantes para enfrentar a pandemia de modo a minimizarmos as suas consequências. A política neoliberal, de diminuição do Estado e do número de servidoras/es públicos, desnuda toda a sua crueldade no momento em que mais eles são essenciais para a população.

O Fórum das Seis, consciente do seu papel em defesa não só de trabalhadoras/es e estudantes das universidades estaduais paulistas e do Centro Paula Souza, mas também da ampla população explorada do país, soma-se às representações sindicais e sociais públicas e privadas para reivindicar a adoção de medidas que realmente possam proteger a todas e todos. Confira Manifesto do Fórum das Seis. 

2 - Sobre os hospitais universitários e as garantias aos profissionais da saúde 

O avanço da Covid-19 colocará as/os profissionais da área da saúde em risco permanente de contágio. O Fórum das Seis exorta as Universidades a garantir a saúde de toda a sua comunidade, em especial dessas/es profissionais.

O governo Doria tem a obrigação de se articular com as direções das Universidades Estaduais, de maneira a prover os hospitais universitários de recursos para a aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs), contratação emergencial de profissionais, substituição das/os profissionais dos grupos de risco, ampla testagem de contágio pelo coronavírus, seguro saúde para servidoras/es e seus familiares e adicional insalubridade.

Além disso, neste momento de crise, fica bastante visível a política equivocada de desmonte dos hospitais universitários em São Paulo. A pesquisa científica e sua articulação com a prática nos hospitais são fundamentais para garantir a saúde da população e para seguir formando profissionais afinados com o Sistema Único de Saúde. É imperativo que agora, e também depois de passado este momento de crise, o governo do estado de São Paulo e as Universidades retomem investimento público nos hospitais universitários e na produção estatal de EPIs, medicamentos, aparelhos e outros equipamentos necessários para a setor da saúde.

3 - Sobre a continuidade do semestre por meios digitais

O Fórum das Seis já se posicionou contrário à continuidade do semestre nas condições que a pandemia e a quarentena impõem a docentes e estudantes. No momento, a prioridade deve ser a de salvar vidas e todos os esforços das Universidades e do Centro Paula Souza devem ser direcionados para este fim, seja no aprimoramento da pesquisa científica para a contenção do vírus, na produção de insumos para promover e proteger a saúde da população (álcool em gel, EPIs, máscaras, respiradores etc.), no estudo dos impactos sociais causados pela crise, na viabilização de ações de solidariedade à população mais carente nas cidades em que temos campi universitários, seja ainda produzindo e divulgando conteúdos informativos sobre os diversos aspectos da pandemia e o necessário isolamento social e espacial para o combate à disseminação do coronavírus.Estas instituições são referências do poder público por todo o estado de São Paulo e devem atuar no sentido de fortalecer o combate ao vírus.

No entanto, as reitorias têm imposto uma pretensa agenda de “salvação do semestre” a todo custo. Isso tem levado a uma situação caótica na condução das disciplinas, com uma variedade extrema tanto no que se refere às unidades de ensino (algumas seguem com o “ensino à distância” a pleno vapor, outras decidiram pela suspensão total do semestre), como quanto ao modo como docentes têm mantido as disciplinas. Some-se a isto o fato de que muitos de nossos estudantes não dispõem de condições mínimas para participar desta modalidade de ensino.

Recebemos inúmeras manifestações de colegas docentes – bem como também de estudantes – a respeito das dificuldades de manter o semestre. O Fórum das Seis mantém sua posição de luta em defesa da liberdade de cátedra, de direitos trabalhistas e da dignidade do trabalho docente.

É fundamental que as decisões tomadas no contexto desta crise se deem pelos órgãos colegiados das Universidades, sobretudo suas câmaras de graduação e de pós-graduação e seus conselhos universitários, com plena voz à representação de docentes, funcionários técnicas/os-administrativas/os e estudantes. As reitorias não podem tomar decisões apenas com pró-reitores e sem diálogo com a comunidade universitária.

A administração superior das Universidades, sobretudo as reitorias, precisam abrir-se ao diálogo. As entidades reunidas no Fórum das Seis reforçam a solicitação de uma reunião com o Cruesp para tratar dos assuntos relacionados à pandemia, tanto no que diz respeito ao equacionamento das suas implicações para servidoras/es técnico-administrativas/os, docentes, estudantes e trabalhadoras/es terceirizadas/os que prestam serviços em nossos campi, quanto para a preservação da produção de conhecimento e pensamento crítico neste período, além da construção de estratégias para a retomada das atividades assim que findar a necessidade de isolamento social.

4 - Sobre a data-base 2020

Em reunião realizada no dia 21 de fevereiro, o Fórum das Seis deliberou por um calendário de mobilizações a respeito da campanha salarial 2020. 

Frente ao avanço da pandemia, do regime de quarentena e da suspensão das atividades presenciais nas Universidades, o Fórum das Seis deliberou pela suspensão da campanha salarial até que haja condições para que as assembleias sejam retomadas. A coordenação do Fórum comunicará formalmente esta decisão ao Cruesp.