TRT dá ganho de causa à Adunesp em ação pelos 3%. AJ do Sindicato aguarda publicação para avaliar desdobramentos

TRT dá ganho de causa à Adunesp em ação pelos 3%. AJ do Sindicato aguarda publicação para avaliar desdobramentos

Em julgamento realizado no dia 7/8/2019, a Seção de Dissídios Coletivos do Tribunal do Trabalho da 2ª Região (TRT2) analisou a ação ajuizada pela assessoria jurídica da Adunesp em junho de 2018 (Dissídio Coletivo nº 1001566-58.2018.5.02.0000). A decisão foi pelo reconhecimento do direito dos docentes contratados pelo regime celetista ao reajuste de 3%, relativo à data-base de 2016.

Embora o desembargador relator do processo houvesse proferido voto contrário, a decisão final foi favorável ao pleito da Adunesp. Como é necessária uma nova redação do acórdão, já que o relator foi vencido, a íntegra da decisão ainda não foi publicizada, o que impede à AJ da Adunesp uma análise mais pormenorizada dos seus aspectos e implicações jurídicas.

A princípio, alerta a AJ, cabe à Unesp o direito de recorrer da decisão junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Para entender melhor

Em 2016, o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) concedeu um reajuste de 3% aos servidores docentes e técnico-administrativos das universidades. A Unesp, no entanto, alegou dificuldades para honrar o reajuste e comprometeu-se, formalmente, a fazê-lo em “período a ser definido oportunamente”. Quebrava-se, assim, a histórica isonomia de reajustes entre as três instituições, vigente desde o advento da autonomia universitária, em 1989, quando as negociações salariais passaram a ser feitas entre as entidades sindicais e o Cruesp.

Em 2017, o reajuste foi zero nas três universidades. Embora cobrada insistentemente, a reitoria da Unesp continuou “esquecendo” de pagar os 3% acordados em 2016.

Em 2018, novamente constava na Pauta Unificada do Fórum das Seis o pagamento dos 3% para o pessoal da Unesp, além das reivindicações gerais daquela data-base. Diante do fechamento unilateral das negociações – que resultaram num índice de 1,5% para as três universidades –, sem que a Unesp se dignasse a pagar os 3% de 2016, os docentes da Unesp aprovaram, em assembleia extraordinária de 25/5/2018,a deflagração de uma greve, com início no dia 30 daquele mês. Antes mesmo que a greve se iniciasse, no entanto, já circulava comunicado da Reitoria a todos os diretores das unidades, determinando o corte de ponto, em caso de adesão.

Diante desse quadro, a Adunesp decidiu ajuizar o dissídio coletivo, solicitando o pagamento dos 3% e, também, que não houvesse nenhum tipo de corte salarial para os grevistas, uma vez que a categoria nunca se furtou à reposição de aulas nas greves anteriores.

Em sua decisão de 7/8/2019, o TRT2 não analisou os pedidos referentes à legalidade da greve, pois consignou que isso cabe à justiça comum julgar. O julgamento ateve-se a conceder o pedido de pagamento dos 3%.

“Trata-se de uma vitória importante para a categoria”, ressalta o presidente da Adunesp, João da Costa Chaves Júnior, lembrando que a quebra da isonomia com a USP e a Unicamp é apenas um dos aspectos do processo de desconstrução da nossa Universidade, resultante das políticas reitorais que têm promovido o rebaixamento contínuo das nossas condições de trabalho e estudo, num processo acelerado de decomposição que, se não for revertido a tempo, nos levará rapidamente à condição de sucateamento de difícil reversibilidade.

Debate no CO

Por iniciativa de conselheiros vinculados ao Chapão da Adunesp, o CO aprovou, por ampla maioria de votos, a inclusão de um debate sobre a isonomia em sua reunião prevista para 29/8/2019.

Para subsidiar a discussão e, também, cumprir as exigências para inserção de pauta neste colegiado, os conselheiros enviaram documento à secretaria do órgão, com os principais aspectos sobre a isonomia, desde suas bases históricas, até quadros e tabelas mostrando o prejuízo causado aos servidores docentes e técnico-administrativos da Unesp. Como em 2019 a Unesp voltou a ignorar o reajuste concedido pelo Cruesp – os ínfimos 2,2% - os salários pagos na USP e na Unicamp já estão, pelo menos, 5,27% superiores aos nossos.